Gatilhos e suas consequências nem sempre imediatas
- Mayana Salles
- 20 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Relato pessoal.
Fui assaltada em fevereiro de 2023 levando minha filha para a escola às 8h30 da manhã. Levaram a mochila dela com tudo dentro. A mochila! Da escola!
Após o assalto continuamos para a escola pra ligar para a polícia, cancelar redes sociais e avisar a família. Tudo ainda muito automático. A sensação de frustração mas ainda a ação de resolver o que poderia ser resolvido. Mas e quando a adrenalina baixa?
No meu caso a sensação de insegurança engatilhou crises de ansiedade e acordou dores que estavam anestesiadas. Parece que após esse assalto, que foi o terceiro no período de 2 anos, diga-se de passagem, a insegurança, a sensação de insuficiência, o isolamento e o medo aumentaram exponencialmente. E mesmo entendendo e estudando a psique, mesmo contando com suporte espiritual e terapeutico, as consequências da ativação dos gatilhos vieram e se mantiveram por muito tempo.
Nesse 1 ano e meio pós esse trauma, vários outros pareceram querer serem vistos também. É como se quisessem vir à consciência numa carona... Na verdade, é o que eles precisavam: de um gatilho! Dores da infância se mesclaram com traumas profissionais, crises emocionais, inseguranças espirituais... A verdade é que a gente só consegue cuidar de um problema quando olha ele como um todo e no caso de gatilhos que despertam dores diversas, é como se elas precisassem emergir todas para que seja feito um expurgo.
Na maioria das vezes a gente não tem a paciência, a maturidade e nem a sabedoria de esperar o processo se concluir e no afã de resolver a gente acaba colocando band-aids em feridas profundas... o que evidentemente não resolve e ainda adia o tratamento necessário.
Sentiu um pouco do que é? Mas eu tô escrevendo sobre o que aconteceu comigo... e você? E as dores que voltam vestidas de outras formas e com outros nomes? E os ciclos e as repetições que você ainda não entendeu serem gatilhos pra acessar seu inconsciente e despertar a sua consciência? Já parou pra refletir?
Somos muito complexos pra dar conta de nós mesmos sozinhos. Todo mundo precisa de ajuda pra ver, sentir, escutar e viver de forma diferente. Se você entendeu isso, saiba que não está sozinho! Tem muitos cuidadores despertando pra cuidarem e serem cuidados nesse momento. Não fuja do seu processo!
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